domingo, 17 de maio de 2009

Ser do Ceará - Cantos em sol



O poeta Henrique Beltrão escreveu quatro poemas sobre o seu amor ao estado do Ceará. Para ele o cearense hoje possui uma Autoestima mais elevada

Henrique Beltrão é cearense, poeta e autor do livro de poemas Vermelho, publicado de forma independente em 2006. Ele presenteou o Ceará com quatro poemas cultivados na sua relação com o estado. Henrique Beltrão é também cantor. Alguns de seus versos foram musicados por amigos e colegas como Isaac Candido e Pingo de Fortaleza. Trabalha na rádio universitária, como radialista, onde se dedica na divulgação e valorização da música e da literatura produzida no Ceará. “Mas eu não me considero bairrista. Gosto muito de meu país como um todo. O cearense hoje se reconhece mais como brasileiro, hoje já tem uma autoestima muito mais elevada”, comenta.


POEMAS

Alegre honraria
Sede à beira do olho d’água
e este Sol que não se apaga...
O embalo da rede
e o balanço da jangada...
Um vaqueiro encourado
pelo Padim abençoado...
Além das serranas fronteiras,
conterrâneos pela Terra inteira...
O riso pronto para a piada,
os braços prestes aos abraços...
Coco, maracatu, repente
dizendo da minha gente...
Serra, mar, cidade e sertão
cantando o tempo sem conta
na ampulheta da imensidão...
As linhas livres desta poesia
são de renda cearense:
minha mais alegre honraria!

Ser do Ceará
Trago na palavra o verde deste mar:
em cada um de nós ecoa nosso jeito de acolher
como quem colhe a imensidão solar.
Sinto no seu gesto vermelha alegria de viver...
em todo recanto do sertão semeia eterno verão,
pousa no que faço o abraço vindo de você.
Bebo, além do azul, à beira do horizonte,
as linhas das serras nuas, semelhantes às suas,
onde olho d’água e cachoeira têm fé na fonte.
Quero, qual luz pousada em versos ao vento, cantar
a beleza indizível do gosto que dá ser do Ceará.

Ceará ser
O Ceará canta em sol maior
na verde cadência dos seus mares.
O Ceará conta em céu sem fim
com sertanejo repente patativando os ares.
O Ceará sente que a poesia tem sede
nas serras sinuosas do orgulho que revelares.
Palavra de luz
O poeta é feito da sua gente.
Seus versos são filhos do seu lugar.
Cada palavra é vizinha do indizível,
a rima é um favo do inefável...
Sou o sol, o céu, a serra, o sertão...
Sangra o açude da invenção...
Os rios de mim vão desaguar no mar...
Não há chuva que possa abarcar o Ceará!
Na cotidiana e infinita viagem,
meu povo é a mais bela paisagem:
acolhe e compartilha com alegria
o bom humor, a farinha e a poesia.

Fonte: Jornal O Povo

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