domingo, 15 de março de 2009

Icó - A cidade das lendas


"No século XIX, o Barão do Crato (Bernardo Duarte Brandão) era um dos homens mais poderosos de Icó. Dizem que ele era muito orgulhoso, não gostava de se misturar com a população. Por isso, teria mandado construir um túnel de seu casarão até o teatro municipal (construído em 1860). Assim, poderia assistir aos espetáculos sem ter que passar pelas pessoas". A lenda, contada pelo historiador Afonso Medeiros, é apenas uma entre centenas de histórias conhecidas pela população de Icó, no Centro-Sul do Estado.

Os moradores mais antigos garantem que, na igreja do Senhor do Bonfim - uma das oito igrejas de Icó - existe uma baleia adormecida no altar-mor da capela. Se a imagem do Senhor do Bonfim for retirada, começará a jorrar água do altar e toda Icó será inundada. "É o que dizem. Eu é que não tenho coragem de retirá-lo (o santo) de lá", diverte-se o aposentado Francisco Teotônio dos Santos, 71.

O Teatro Municipal Ribeira dos Icós rendeu uma das histórias mais curiosas do município. Construído em 1860, o teatro só foi ser inaugurado oficialmente em uma solenidade realizada no dia 11 de janeiro de 2006. "No dia da inauguração, em 1860, nenhum dos senhores queria ser o primeiro a chegar ao teatro. Eles mandavam seus escravos verem se já havia chegado alguém. E, nesse vai-e-vem todo, a noite terminou e o teatro não foi inaugurado. Mas isso é lenda (risos)", diz o historiador Afonso Medeiros. "Quem inventou essa história foi o pessoal de Aracati, já que havia uma rixa entre as duas cidades", completa.

A fama de "cidade das lendas" virou até livro no município. "Icó: Suas Histórias, Nossas Lembranças", de autoria do escritor e agrônomo Chiquinho Peixoto, 63, reúne quase duas centenas de "causos" sobre Icó e seus moradores. "Os personagens são gente simples do povo que, com suas peculiares formas de comportamento, associam o respeitoso ao irreverente, o sério ao jocoso, a ingenuidade à esperteza e até o trágico ao cômico", afirma o autor do livro.


Notas sobre Icó

- O cearense Antônio Pinto Nogueira Accioly, um dos mais influentes políticos do início do século XX, é um dos filhos ilustres de Icó. A casa onde ele nasceu, no centro da cidade, está sendo restaurada e funcionará como sede da Prefeitura. O escritor e político Heráclito Graça, que ocupou a cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras (ABL), também nasceu no município.

- O distrito de Lima Campos, localizado a 10 quilômetros da sede do município, é famoso pelas peixadas servidas aos visitantes. Os restaurantes, todos caseiros, estão localizados às margens do açude de Lima Campos e servem tilápias, tucunarés, traíras, entre outros tipos de peixes. No pólo gastronômico, o cliente tem a opção de escolher o prato com peixes fritos, assados ou cozidos.

- O município de Icó é famoso também pela grande quantidade de igrejas espalhadas pela cidade. São quatro no total, todas tombadas pelo Iphan. Uma delas, a Nossa Senhora do Rosário, foi construída pelos escravos em 1828. Por isso, ficou conhecida como a Igreja dos Escravos, pois era a única da cidade que eles eram autorizados a frequentar. Ao todo, Icó tem 13 construções tombadas.

- A festa do Senhor do Bonfim, realizada sempre no dia 1º de janeiro, é considerada a terceira maior festa religiosa do estado do Ceará. Segundo a Secretaria da Cultura do Município, os festejos reuniram cerca de 100 mil pessoas em 2009. "São 15 minutos de fogos espalhados pela praça toda, que tem 966 metros de comprimento", garante o historiador Afonso Medeiros.

"Seguramente, eu tenho o Ceará dentro de mim". José Wilker, ator.

Fonte: Jornal O Povo

Nenhum comentário:

Um canal de divulgação da politica, esporte, cultura e história do Ceará e do Nordeste.

Powered By Blogger