terça-feira, 3 de novembro de 2009

A paisagem urbana e o quadro social



Na direção da rua Guilherme Rocha para o bairro Jacarecanga, estava a Praça Fernandes Vieira ou Praça do Liceu - hoje presta honrosa homenagem ao grande mestre - o imortal Gustavo Barros o a quem cabe a honraria do nome da Praça.

De lá eram vistas as mais elegantes residências da época dos anos 20 a década de 80.Na entrada ao lado do Liceu, a Corporação do Corpo de Bombeiros, que dá início a rua Oton de Alencar - vizinho o antigo Grupo Juvenal Galeno e Faculdade de Ciências Econômica

Havia aí a residência do Prof. Domingos Braga Barroso, ex-diretor do Liceu, dono de uma escolinha que funcionava em sua própria residência.

Da rua Oton de Alencar até a rua Guilherme Rocha, viam-se vários palacetes luxuosos, cujas originalidades diversificadas seguia o estilo pessoal do grande arquiteto - Dr. Emilio Hinko (húngaro de nascimento), que marcou sua personalidade artística com belos bangalôs, chegando a construir dentre outros o Excelsior Hotel, único prédio de seis andares construído genuinamente de alvenaria com vigas de trilho de ferro que garantem até hoje a segurança do Edifício Excelsior.

Esse edifício serviu por muitos anos como hotel - Excelsior Hotel, salão de visita para grandes personalidades que aqui aportavam para gerir as mais variadas missões de negócios, culturais, artísticas, cantores, políticos, religiosos ou qualquer atividade a ser tratada por pessoas de alto apreço.

Por último abrigou por longos anos de residência do casal - Pierina e Emilio Hinko, transferindo a residência do casal para Av. Antonio Justa, próximo à Beira-Mar, com a canção de suas ondas em espumas.

Na Praça Gustavo Barroso, antiga Praça Fernandes Vieira e Liceu, esquina da rua Oton de Alencar e rua Guilherme Rocha, existia a casa do Sr. Cecil Salgado. Vizinho pela rua Guilherme Rocha a Capelinha e Externato Jesus Maria José, ambos com os mesmos nomes.

Tecendo minúcias

Em frente à casa do Sr. Cecil Salgado, na outra esquina era residência de Bruno Miranda; vizinho funcionou o Hospital São João, hoje Instituto Nacional do Seguro Social - INSS; chegando na esquina da rua Guilherme Rocha esquina com a Av. Philomeno Gomes, residência do Dr. Pedro Sampaio, avô da nossa ilustre jornalista Regina Marshall.

Em frente à casa do Dr. Pedro Sampaio, existia o casarão do Sr. Pedro Philomeno Ferreira Gomes, hoje Edifício Pedro Filomeno; do outro lado, na Av. Philomeno Gomes em direção a rua Carneiro da Cunha, existia a residência do Dr. Luis Moraes Correia, depois Serviços de Irrigação Federal; vizinho, residência do ex-governador Dr. Luis Flávio Marcilio; mais adiante, a família Duarte Vidal; e, outras residências, até alcançar a entrada principal do internato Bom Pastor.

Praça dos Mártires

É considerada uma das principais praças de Fortaleza. Em 1940, foi reformada nos moldes do Passeio Público do Rio de Janeiro, no estilo neoclássico. A Praça dos Mártires, seu nome atual, é tombada como patrimônio histórico nacional. Situado entre as ruas Barão do Rio Branco, Dr. João Moreira e Floriano Peixoto, ao lado do Forte de Nossa Senhora de Assunção - Comando da 10ª Região Militar.

Para lá se dirigiam gradas famílias, para assistir às retretas que levavam a efeitos nas diversas praças sob o Coreto no recanto da mesma, onde os músicos das guarnições da Polícia Militar, Exército e Aeronáutica, se revezavam semanalmente para as tradicionais retretas.

De olhar em olhar

O Passeio Público foi a primeira praça a promover tais eventos, onde moças e rapazes marcavam seus encontros para iniciar a manifestação e apreço com olhares, acompanhando os passos dos jovens que rodeavam as primeiras alas dos passeios, depois de longos e persistentes cumprimentos perguntavam se poderiam acompanhar para dar umas voltas em redor da praça. A permissão por parte da jovem era abertura em favor do jovem que poderia, daí, tomar uma admiração no começo de namoro, mas só teria o consentimento após dizer qual a família, de quem era filho, parente, seus hábitos, enfim, dar a linhagem familiar e ser submetido ao crivo da família.

Por ser a praça lugar de destaque, todos se vestiam a caráter para o ambiente. Os homens trajados de chapéu de palhinha, veludo, chapéu cubano, paletó de caruá, sapato bico-fino de cor branco ou telha, marca Polar, Belmont, Clarck, Scatamaki ou verniz de cor preto com salto carrapeta, de couro de bezerro alemão, de couro de cobra e jacaré, vendido na sapataria Clarck, vizinho a Leão do Sul, depois sapataria Belém da família Capelo. Tudo isso fazia um sucesso nos salões dos clubes Iracema, Diários, quando exibiam seus trajes de paletó branco S-120, almofadinha, jaquetão e combinado preto e casimira creme.

Da arquitetura

Nos quarteirões (quadra) da rua Dr. João Moreira (antiga da Misericórdia) entre as ruas Floriano Peixoto até Barão do Rio Branco, havia as elegantes residências, a começar pelo do cônsul da Inglaterra Sr. Charles Matheus e D. Helena, filhos, a família Liebmann, a casa de n.º 243 do Sr. João Torres Câmara Filho, onde nasceu Dom Helder Câmara, família Bulhões Ramos, casa de aprimorada fachada pintada de vermelho escarlate, ricamente elaborada em alto relevo, cujas exuberantes esfinges em forma de arabesco, contrastada pela cor, prendia a atenção das pessoas que por ali passavam admirando aquela majestosa fachada, cujos degraus da escada da entrada principal, feita de especial mármore da codade de Carrara, davam aspecto senhoril, denotando diferença a da fachada e platibanda das demais casas daquela quadra.

Praça dos Leões

Entre as ruas General Bezerril, São Paulo, Conde D´Eu e em frente a mais antiga igreja de Fortaleza, Igreja do Rosário, localiza-se a Praça General Tibúrcio, cujo centro se encontra o columbário dos restos mortais desse general, onde se conserva ad eternum a homenagem aquele brilhante militar no largo ou pátio do Palácio do Governo, posterior a 1856.

É conhecida popularmente pelo nome de "Praça dos Leões" pelos monumentos em forma de leões que fazem parte de sua ornamentação. Anos atrás foi conhecida por "Praça do Artista", do "Artesão", por tentativa valida da Secretaria de Cultura de transformar um dos recantos da Praça em ponto de reunião da classe dos artistas e artesãos, ideia que não surtiu qualquer efeito.

Hoje, no pátio da Igreja do Rosário, ao lado da Academia Cearense de Letras, por iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado, encontra-se sentada em um banco da praça a estátua da grande imortal, escritora Rachel de Queiroz, a mais alta e significativa expressão da literatura brasileira, de grande força narrativa.


O Bom Pastor: resquícios dos valores morais de uma época

No internato Bom Pastor, de entrada sombria, se refugiavam as pessoas que tinham desviados suas condutas. Aí eram lançadas, para não causarem vergonha à família, até chegarem ao esquecimento da sociedade, mas que a boca miúda segredava sigilosamente todo fato ocorrido, tudo proferido sob forma de "cochicho" ou "ao pé de ouvido", evitando que se propalasse ou transpirasse o desvirginamento de alguma moça que dera um "passo errado" - e deveria s ser punida, sob forma de expurgo para reparar o horroroso e repugnante cometimento de desonra, ultrajando ou maculando o bom nome da família, nome este a ser reparado, muitas vezes pagando com a própria vida.

Depois, com o passar do tempo, as internas do Bom Pastor, já purgada a culpa, aprendiam, sob orientação das irmãs religiosas, ofícios domésticos, como bordar, costurar e outras atividades normais. Saíam para enfrentar a sociedade como quem saía do presídio após ter pago a pena por "mal cometido"; muitas vezes, quando mães, amais poderiam transpirar quem eram os pais da criança para não manchar ainda mais o nome da família. As moças se cobriam de roupa preta, lenço na cabeça, e, nas ocasiões das missas, teriam que usar véu no rosto, encobrindo a face.

Fonte: Jornal Diário do Nordeste

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