domingo, 15 de fevereiro de 2009

A auto-estima do cearense



O simbólico, o imaterial, o ambiente também dão conta da auto-estima cearense. Um exemplo é o trabalho de Carlus Campos, na capa desta edição, o primeiro fragmento de um painel que se constrói ao longo de todo projeto gráfico da série, que vai até 15/4.

Porque somos Cearenses - O espelho de Capistrano

A auto-estima do Ceará estaria ligada aos processos que deram na formação do que a história chama atualmente de povo cearense? Afinal, apenas alimentamos estereótipos perenes ao tempo ou, verdadeiramente, possuímos uma diversidade cultural que nos faz ter auto-estima? Sem pretensões de respostas definitivas e certezas absolutas, visitemos João Capistrano Honório de Abreu. Começamos a conversa com ele - esse cearense de Maranguape (1853-1927), mestiço, e um dos mais importantes "intérpretes" da origem do Brasil, a exemplo de Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes e Mário de Andrade. Segundo o historiador Arno Wehling, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Capistrano de Abreu foi um dos pesquisadores que mais lucidamente esquadrinhou o "caráter nacional brasileiro" ou o conjunto de características que defi niam o brasileiro do século XIX. Quatrocentos anos de desenvolvimento histórico, anotou o cearense, deram num traço "distinto de outros tipos nacionais e daqueles que lhe deram origem". Arno Wehling, em um texto da revista Trajetos/2004, publicação do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que Capistrano concebeu o caráter nacional forjado de forma "significativa, mas não exclusiva pela ação da natureza e da raça através da aglomeração de populações distintas. A sociedade colonial assim formada reagia, por sua vez, contra aqueles condicionamentos, tornando-se, no Brasil, a principal modeladora do caráter nacional". O jeito de enxergar do cearense se opunha ou se alinhava, na época, às idéias de outros pensadores sobre a origem do brasileiro, nacionalidade e consciência provincial. Eram tempos de intelectuais como o escritor carioca Sílvio Romero, que admitia a mestiçagem e atribuía maior infl uência à presença do negro. Dos românticos - feito José de Alencar - que puxavam brasa para os índios e os lusófilos, a exemplo de Pereira Barreto, que tinham certeza do DNA dominante dos portugueses. Havia também aqueles que apostavam no equilíbrio entre o nativo, o português e o preto. Com Sílvio Romero, Capistrano de Abreu travou uma polêmica pública. Foi em 1876, através das páginas do jornal O Globo. Romero defendia que o que havia de negativo no caráter brasileiro e, conseqüentemente o atraso do País, tinha origem na natureza e na raça. Particularmente não por causa da mescla com o tupi, sobretudo devido a herança genética do sangue do africano primitivo. "Logo o que notardes de diverso entre o brasileiro e seu ascendente europeu, atribuí-lo em sua máxima parte ao preto. Chegamos, pois, a uma fórmula que podemos exprimir assim: brasileiro=português+negro", transcreveu e ironizou Capistrano de Abreu. Para o cearense, que também morou em Recife e depois no Rio de Janeiro, a hipótese de Sílvio Romero era fraca de argumentação. A mistura das raças era um caráter a se considerar, mas de forma secundária, pois, positivistamente falando, era "difícil explicar estes fatos pelo cruzamento com o preto". De acordo com o historiador carioca Arno Wehling, Capistrano de Abreu, ao contrário de Romero, entendia que a sociedade da época da colônia brasileira, "esmagada pela rarefação, pelas difi culdades de comunicação, pelo transplante precário das instituições portuguesas, ou seja, por uma combinação de fatores naturais, tornara-se atrofiada, incapaz de ação social vigorosa". Uma sociedade com traço de "indolência", mas, segundo Capistrano, também capaz de demonstração de reação. Sinal disso, na época da colônia, era a presença dos colégios jesuítas, da introdução da cultura de criar gado no sertão e da resistência contra o invasor francês, holandês e o próprio português. Para o historiador Robério Américo Souza, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o cearense Capistrano de Abreu, ao se lançar na investigação sobre o destino do povo brasileiro ocupando o sertão, "almejava não apenas a satisfação de uma problemática histórica. Mais que tudo, buscava subsídios, fontes, para compreender a si mesmo, sertanejo, caboclo matuto, de origem modesta e rude. Sua investigação era, então, movida por interesse pessoal, mas nem por isso menos legítima" e carente de paixão. Pelo legado histórico deixado por Capistrano de Abreu, arriscamos escrever que o maranguapense é um dos precursores na inquietação e investigação de caminhos que também são elucidativos na pesquisa sobre a formação da auto-estima cearense e do multifacetado povo brasileiro. Capistrano, segundo a historiada Rebeca Gontijo, da UFF, iniciou o projeto de escrever sobre a história do Brasil quando ainda estava no Ceará. Lugar onde garimpou material sobre os cotidianos da província, as secas grandes e o modo arrastado de como a capitania foi povoada no período colonial. O Siará Grande que ficou à mercê da vontade do donatário Antonio Cardoso de Barros de vir colonizá-lo. Caspistrano de Abreu não escreveu uma narrativa completa sobre a História do Brasil, obra tão esperada pela intelectualidade dos oitocentos. Mas deixou capítulos preciosos de uma história que, segundo o método dele, se faz em espiral. Em artigo da revista Trajetos, Rebeca Gontijo explica que para o cearense "sempre faltava um documento, tornando-se necessário retornar periodicamente ao mesmo ponto, a fim de tentar corrigi-lo. Daí a impossibilidade de contentar-se com qualquer conclusão". Para além dos documentos e conclusões, anote-se ainda os imaginários coletivos, a diversidade (cultural) cearense e as fronteiras móveis da história que são empurradas pela dinâmica dos cotidianos de cada tempo. Experimentamos a idade do couro, concebemos o Caldeirão, estamos aprendendo a conviver com as secas e quem sabe - caminhamos para a reinvenção da roda movida a energias limpas e cidades digitais.

EDITORIAL - O que será que será

DEMITRI TÚLIO da Redação.

Uma construção? Um conceito? Um estado de espírito? Estamos falando da auto-estima do cearense, algo imponderável, pouco pesquisado, mas que não dá para não discutir. Será que ela reside no pioneirismo(?), que atravessa a história e vai da libertação do escravos à invenção do biodiesel? São muitas as questões. E nós vamos atrás das respostas. Produzimos até um projeto -AutoEstima Cearense - saído da cabeça do diretor de Projetos Especiais do O POVO, jornalista Cliff Vilar, que prevê uma série de ações ao longo primeiro semestre de 2009. A idéia é se debruçar sobre a temática até então pouco explorada. "As informações que dispunhamos eram empíricas", diz Cliff. O primeiro passo foi a contratação de uma pesquisa, que ficou a cargo do Instituto Gerp de Pesquisa Estratégica. O objetivo: levantar aspectos ligados à auto-estima do cearense, que pudessem subsidiar o desenvolvimento de uma campanha publicitária, associada a uma marca forte, enaltecendo a essência do povo cearense. A pesquisa quantitativa, com entrevistas por telefone e pessoalmente, foi realizada de 15 de outubro a 24 de novembro de 2008 em um universo de 865 pessoas, distribuídas por todo o Estado, com margem de erro de 3,40 pontos percentuais. O resultado apontou que o cearense, apesar de todas as adversidades, é um povo de elevada auto-estima. De posse dos resultados da pesquisa, foi montada uma estratégia visando a propagar esse sentimento entre os cearenses através de diversas ações, procurando enxergar o Ceará como um todo. Uma das ações é publicar de três cadernos especiais nos meses de fevereiro, março e abril, destacando os vários aspectos que envolvem essa temática, a gênese, o conceito, as pessoas, o patrimônio material e imaterial, as histórias que são defi nidoras do espírito cearense. O primeiro especial é o que lhe chega agora às mãos. Nos próximos meses, como parte das ações previstas pelo projeto, estão o lançamento de um site e da eleição de uma marca que identifi cará esse espírito "cearensês". Além disso, para o debate está prevista uma série de debates na TV O POVO, assim como um concurso de redação. Como diz Cliff Villar, a intenção é envolver faculdades, entidades empresariais, sindicatos, associações..., na busca de fortalecer essa tal da auto-estima do cearense.

Fonte: Jornal O Povo

Um comentário:

Paulo Eduardo Campelo disse...

COMO NÃO SABIA SEU E-MAIL FOI O JEITO!
VOCE TAMBÉM PODE VOTAR, MAS NÃO VALE PUXAR O SACO DA SOGRA!!!!
Escolha o nome da torcida feminina do Fortaleza

A torcida Tricolor vai poder escolher o nome das líderes de torcida do Fortaleza em uma enquete, aqui no Site Oficial, aberta na noite desta quinta-feira. As opções propostas na enquete são: Stellas, Leoas e Felinas.

A opção Stellas faz referência ao Stella Foot-Ball Club, time que teve estreita ligação com um dos fundadores do Fortaleza Esporte Clube, Alcides Santos. A alcunha de Leoas remete a força, garra e determinação que emanam do mascote Tricolor, o Leão. Enquanto que Felinas também remeteria ao símbolo do Leão de uma maneira mais feminina, delicada e bela como as meninas que compõem o grupo de líderes de torcida do Fortaleza.

A enquete será encerrada na noite da próxima terça-feira, dia 6 de abril, e o resultado será divulgado aqui no Site Oficial, na quarta-feira.

E NÀO ESQUEÇA DE MANDAR PARA OS OUTROS DA FAMÍLIA: SEU ZÉ, ADELIZA, ALEXANDRE, ....

UM ABRAÇO

PAULO EDUARDO

Um canal de divulgação da politica, esporte, cultura e história do Ceará e do Nordeste.

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