domingo, 17 de agosto de 2008

Serra da Ibiapaba



Serra da Ibiapaba
Clara Leda


A Serra da Ibiapaba ou Serra Grande é um conjunto de gigantescas e harmoniosas elevações que parecem eternizar seu contemplamento sob a linha do horizonte.

Ostensivamente bela, sua exuberância é proveniente da rica vegetação que, espaçosamente, derrama-se sobre altos e baixos, esculpindo ondas intermináveis que transformam o relevo numa paisagem sui generes, onde o ar embriagador das montanhas sai a campear. Nos baixios, orquestrando os canaviais, nas encostas, o palmeiral.

Sobre suas planícies nasceram oito cidades, geograficamente irmãs nos atributos naturais. Têm solo fértil, recursos hídricos e climáticos, grande diversidade de flora e fauna.

Em comum também suas origens. Terras, inicialmente, ocupadas por nações túpicas, como os Tabajaras, raça de guerreiros inteligentes e únicos habitantes das ricas terras ibiapabanas. Poucos anos após o descobrimento do Brasil, por lá aportaram os primeiros colonizadores, como os pernambucanos, franceses, portugueses e os padres Jesuítas. O aldeamento foi se organizando. No séc. XVIII surge a primeira vila passando a condição de cidade no século seguinte.


Viçosa do Ceará foi a pioneira e por conseguinte abriu caminho para o desenvolvimento da Serra Grande. Visitá-la é ter a oportunidade de excursionar no seu passado, apreciando o rico patrimônio arquitetônico do período colonial, a citar: a Casa onde nasceu o jurista Clóvis Beviláqua, criador do primeiro código civil brasileiro, transformada em memorial; o Solar da família Pinho Pessoa, com cento e sessenta e cinco portas e janelas e a acolhedora Igrejinha do Céu. Um dos acessos a esse templo é por uma subida de trezentos e sessenta e cinco degraus largos e brancos. Ao longo do percurso estão as estações da Via Sacra. No topo da colina se ergue a igreja que contemplativa, permanece, incansavelmente, a admirar, em baixo, a cidade sobre um extenso tapete verde. Em cima, nas proximidades, o firmamento azul acetinado. Aos arredores estão praças e jardins arborizados, com rosas de espécies e cores variadas, forrados por um gramado, impecavelmente zelado. Há também restaurantes e um centro comercial que oferece produtos da lavra, como artesanato, doces, licores, numa diversidade possível a atender todos os gostos.

Outra atração é o turismo ecológico. Através de caminhadas por trilhas chega-se a Bica do Itarumã, que oferece condições ideais para a prática de rapel, e a Pedra do Itaburuçu tal qual uma laje, a cem metros de altura, forma um abrigo natural.

Tianguá foi agraciada com a cachoeira das sete quedas, de singular beleza. As sucessivas cascatas são alimentadas pelas águas límpidas que descem pela encosta das serras.

No Parque da Floresta está a Cachoeira do Amor. Uma porção d’água sai de uma densa mata e cai lentamente em um lago. O local é aprazível, de peculiar encanto e tem a magia de envolver os visitantes em suas manhas.

Ubajara é o mais importante pólo turístico da Ibiapaba nele está o Parque Nacional de Ubajara, considerado Monumento Natural, abrigando, principalmente, a Gruta de Ubajara, a duzentos e cinqüenta e três metros acima do nível do mar, no Morro da Fada.


Para chegar a gruta se tem duas opções: uma é descer pela trilha de pedra, construída pelos índios. É uma aventura que permite variadas paisagens numa travessia penosa, de aproximadamente duas horas, mas repleta de emoção. A outra é pelo teleférico, igualmente uma aventura proporcionada pela descida íngreme, de curtíssima duração.


Conhecer a gruta é fazer uma viagem por corredores e salas subterrâneas onde o calcário, talhado pela erosão, enfeita cada compartimento com adornos semelhantes a rosas, cortinas, gravuras de animais, índios e retratos de pessoas. Esse compêndio artístico a torna museu.


Pelas trilhas chega-se ao mirante, um observatório arredondado, construído com tábuas de madeira, suspenso na lateral de um precipício. A vista é indescritível!


Cachoeira do Cafundó


Cachoeira do Frade

Prosseguindo, encontramos, por vez, as quedas d’água do Gavião, do Cafundó, da Gameleira e do Veado Quebrado. Na zona de carrasco, a do Frade e o balneário do Boi Morto. Ibiapina fica logo depois de Ubajara. Nove quilômetros é a distância que as separa. Seu turismo ecológico é realizado através de veredas estreitas e sinuosas que vão à Cachoeira do Pajé, à Bica do Monte Belo e a um mirante de onde o olhar vagueia e se perde nas vistas dos vales em descidas e subidas suaves, cobrindo de verde a encosta ibiapabana.

O Buraco do Zeza, no sertão, é uma seqüência de sete cachoeiras volumosas, singidas, por um lado, pela muralha montanhosa e por outro, pela mata virgem. A mais alta delas tem, aproximadamente, trinta metros. A água é lançada através de um monumento de pedras, sobrepostas aleatoriamente. A corredeira larga, continua por mais uns cem metros e novamente cai em outro precipício de menor altura e vai embora, deparando-se, lá mais à frente com outra e mais outras descidas. Desce festiva ecoando um canto bandeirante. São Benedito é a capital cearense das rosas. No distrito de Inhuçum está instalada a Cerosa a mais estruturada floricultura desse Estado.

Trilhas primitivas dão acesso a duas cachoeiras de singular beleza, a de São Cristóvão e a do Buraco da Velha. Ao longo de suas estradas estão as casas de farinha, os engenhos de cana de açúcar e os carros de boi. Em Guaraciaba do Norte está a Cachoeira dos Morrinhos e a Cidade de Pedras, imensas formações rochosas talhadas pelo sopro do vento, das tempestades e pelas chuvas.


Cachoeira de Morrinhos

Carnaubal é banhada pelo Rio Inhuçum cujas margens são decoradas por belas formações rochosas. Esse é seu principal atrativo turístico. Ao mesmo município pertencem as cachoeiras do Sítio do Parque das Águas e o Balneário Cachoeira Park.


Biaca do Ipu

Ipu está encravado no sopé da Serra e liga o Sertão Central à Serra da Ibiapaba. A Bica do Ipu é sua principal atração e um grande cartão postal. Cai de uma altura de cento e trinta metros e é conhecida no Brasil e no exterior por ter sido focada com inspiração no romance Iracema, escrito por José de Alencar.

Assim se compôs a Serra Grande. Seis de suas cidades receberam simpáticas denominações indígenas, como Ubajara, que significa homem da canoa e Ipu, queda d’água. Ambas nasceram nos arredores de uma igreja, possuem o mesmo clima, terras vazadas por olhos d’água que abastecem rios e cachoeiras, farta vegetação e um povo tranqüilo resultado de uma relação bem construída. Quando longe, a saudade corrói o peito e nenhum outro lugar é capaz de fazer esquece-la. As doces lembranças vêm a tona e sua gente descobre maravilhada que a cordilheira hospeda no seu peito o coração do Brasil.

Fonte:Jornal O Povo

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